segunda-feira, 31 de agosto de 2009

(Ulisses Capozzoli - Scientific American Brasil) Com alguma frequência há uma confusão de termos, em astronomia, envolvendo especialmente meteoróides, meteoros e meteoritos, que certamente vale a pena ser considerada.

Meteoróide, por exemplo, é um corpo, ou um fragmento de um corpo, maior que uma molécula e inferior a um asteróide (com dezenas de metros a centenas de quilômetros de diâmetro, caso de Ceres, de 800 km) que, ao penetrar na atmosfera e atritar com os gases que a compõem, dá origem a um meteoro.

Isso significa dizer que um meteoróide é um meteoro ou meteorito potenciais, dependendo se mergulham ou não na atmosfera da Terra (ou de outros planetas) e se sobrevivem ou não a essa travessia.

O que popularmente é conhecido como “estrela cadente” é um meteoro, ou seja, o rastro luminoso deixado pelo corpo que penetra a atmosfera da Terra.

Os meteoros, quase sempre, são produzidos por corpos do porte de um grão de arroz e as cores que exibem dependem de suas diferentes composições químicas.

Meteoros podem se manifestar isoladamente ou em “chuvas”, as chuvas de meteoros, entre elas as Leonídeas, ou Leônidas, com pico de intensidade em 17 de novembro.

Meteoros isolados têm origem em material mais rarefeito que vaga pelo espaço e, eventualmente, pode penetrar a atmosfera.

No espaço, esse material também pode atingir satélites, naves e mesmo um astronauta.

Uma partícula do porte de um grão de arroz, viajando a altas velocidades, perfura facilmente o corpo de um astronauta em órbita e pode levar à morte.

Essas partículas, com frequencia, resultam de material desprendido do corpo de cometas e asteróides e também são fonte da luz zodiacal, poeira que espirala em direção ao Sol e é visível ao anoitecer e alvorecer.

Entre os especialistas nesta área, a luz zodiacal, há quem defenda a idéia de que a forma sugestivamente triangular delas possa ter influenciado a modelagem das pirâmides do Egito.

Quanto aos meteoritos, são o material remanescente da travessia da atmosfera e que atingem a superfície da Terra (ou um outro planeta ou lua).

Meteoritos tem as composições mais distintas e disso depende o valor científico que podem ter. Cotações comerciais também são influenciadas pela composição de um meteorito que podem raros ou mais comuns.

Meteoritos rochosos costumam explodir na baixa atmosfera. Não produzem crateras e seus diferentes blocos podem se espalhar por uma área ampla. Regiões desérticas e muitas áreas da Antártida são pontos promissores para a busca e localização de meteoritos.

A maior parte desses corpos, no entanto, mergulha nos oceanos que cobrem mais de 70% da superfície da Terra.

Meteoritos podem ter como fonte, impactos de asteróides no chamado Cinturão de Asteróides, entre Marte e Júpiter. Nesse caso, blocos de diferentes tamanhos são desviados com alta velocidade numa espécie de bilhar cósmico e alguns podem atingir a Terra.

Mas também podem ser resultado do impacto de cometas e asteróides em outros planetas ou mesmo na Lua. Neste caso, material ejetado no espaço pela violência do choque permanece por longos períodos no espaço, antes de atingir um mundo, quando isso de fato acontece. Caso contrário, permanecem no espaço e se misturam ao entulho que sobrou da construção do Sistema Solar há uns 5 bilhões de anos.

Meteoritos originários de Marte e Lua, entre outros, estão em museus e instituições de pesquisa em todo o mundo.

Mas meteoritos que um dia foram parte do corpo da Terra também voam pelo espaço ou pousaram em outros planetas. Eles foram atirados no espaço pela violência de bólidos espaciais que atingiram a Terra.

O asteróide que teria liquidado os dinossauros há 65 milhões e aberto a trilha para os mamíferos, entre eles os humanos, certamente orbitou uma significativa quantidade de rochas terrestres que ainda vagam pelo espaço, atingiram outros planetas ou mergulharam no Sol.

A história desses bólidos do espaço é longa, fascinante, e ainda pode trazer enormes surpresas para a pesquisa científica.

Da próxima vez que observar uma “estrela cadente” riscando a escuridão da noite, como um fósforo aceso por uma mão invisível, considere também a eficiência e a beleza da atmosfera como escudo contra esses intrusos que chegam do espaço em alta velocidade.

Alguns deles podem ser letais e já demonstram isso no passado mais de uma vez.

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