domingo, 18 de outubro de 2009

Enxergando pedaços do cometa Halley

(Saulo Machado - O Povo) Marque na sua agenda a noite da próxima quarta-feira, dia 21 de outubro. Quem ainda não era nascido ou não teve oportunidade de observar o famoso cometa Halley em 1986 pode se contentar de ver pelo menos alguns fragmentos que esse cometa deixou durante suas passagens ao longo dos séculos. Trata-se do fenômeno da chuva de meteoros.

Os meteoros são fenômenos luminosos causados pelo atrito de pequenos fragmentos & os meteoróides & com a atmosfera da Terra, também chamados de ``estrelas cadentes``. Esses meteoróides geralmente são de tamanho minúsculo. Grande parte desses meteoróides provém de cometas, que perdem seu material a cada passagem próxima do Sol.

Durante esse trajeto, os cometas vão deixando uma sujeira, cujas órbitas dessas impurezas podem se cruzar com a dos planetas. No caso da Terra, que possui atmosfera, o encontro do planeta com os meteoróides provoca o fenômeno luminoso graças às suas interações com as camadas de ar que oferecem resistência à sua passagem, decorrente do atrito. Durante o atrito, esses corpos se aquecem, gerando temperaturas altíssimas por causa da sua velocidade de entrada. Com isso, gera-se luz, provocando pequenos riscos luminosos no céu por alguns segundos para quem está observando da superfície da Terra.

Para um observador, os meteoros parecem sair de uma única região da esfera celeste, chamada radiante, o que não passa de um efeito de perspectiva. Cada radiante identificado é nomeado na maioria das vezes com o nome da constelação na qual ele está localizado. Temos como exemplos os Leonídeos para os meteoros que saem do radiante localizado na constelação do Leão, os Geminídeos para o radiante em Gêmeos, entre outros.

No caso dos fragmentos originários do cometa Halley, eles pertencem à chuva de meteoros Orionídeos, cujo radiante se localiza na constelação de Órion, onde se situam três estrelas brilhantes conhecidas como ``As Três Marias``.

As chuvas de meteoros originárias desse cometa ocorrem duas vezes por ano: uma em maio, chamada de Eta-aquarídeos, e a do dia 21 de outubro, os Orionídeos. Para quem não está acostumado a identificar no céu os radiantes das chuvas de meteoros, convém aproveitar essa oportunidade de agora, já que as Três Marias servirão de orientação.

Por volta de 22 horas de quarta-feira localize as Três Marias no lado leste (onde fica o nascente). Assim que localizá-las procure, a nordeste delas (à esquerda e embaixo), uma estrela bem brilhante e vermelha. Ela se chama Betelgeuse, que fica na mesma constelação que as Três Marias. Imaginando uma reta ligando as Três Marias com a Betelgeuse marca-se o meio do caminho até o radiante da chuva de meteoros. Basta prolongar a mesma distância partindo de Betelgeuse em direção ao nordeste. Dali é que virão os meteoros.

Com sorte e o tempo ajudando, a taxa dos Orionídeos pode alcançar 30 meteoros por hora. Para uma melhor visualização fique distante das luzes artificiais. Esse evento astronômico, além de fascinante, é um dos mais baratos porque não necessita de instrumentos ópticos. Bastam os olhos e um pouco de paciência.

As chuvas de meteoros tiveram seus primeiros registros por volta de 2.000 antes de Cristo pelos egípcios. A observação desses fenômenos serve para comparação com registros anteriores a fim de analisar a intensidade com o passar dos anos.

Estamos no Ano Internacional da Astronomia. Aproveite nesta quarta-feira uma forma barata e fascinante de olhar para o céu e enxergar o rastro no espaço deixado pelo famoso cometa Halley enquanto ele não se aproxima de novo da Terra no ano de 2061.

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