sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Chuva na noite de segunda-feira


(Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - G1) Apesar da astronomia ser indissociável da meteorologia, este blog não mudou de time. Mas ninguém consegue observar o céu sem saber antes se o tempo vai estar bom, não? Todo astrônomo (observacional) acaba se tornando um meteorologista amador, mas não vou falar de previsão do tempo. Estou falando de um outro tipo de chuva.

O caminho da Terra no espaço não é um vácuo perfeito, como muita gente pensa. Longe disso, o espaço sideral próximo ao planeta contém gás, poeira, destroços de cometas e de artefatos humanos tais como pedaços de foguetes e satélites. Por isso, de vez em quando a gente vê no céu um risco brilhante.

Isso acontece quando uma partícula entra na atmosfera da Terra e se aquece após o atrito com o ar. A temperatura se torna tão alta que ela acaba se evaporando e raramente chega à superfície. Esses objetos luminosos são chamados de meteoros ou popularmente de estrelas cadentes. Vez ou outra, um meteoro tem tamanho suficiente para resistir ao calor do atrito e consegue chegar ao chão. Quando isso acontece ele é chamado de meteorito.

Os meteoros podem deixar rastros luminosos com cores variadas, que dependem da velocidade do objeto, mas principalmente de composições químicas. Durante uma noite sem Lua e longe da iluminação urbana é possível observar vários deles cruzando o céu. Esses são os meteoros esporádicos.

Vez por outra a Terra cruza a órbita de um cometa ou asteroide. Na verdade, a órbita de um objeto desses é um rastro de destroços deixados para trás. Quando a Terra intercepta essa trilha ocorre o que chamamos de máximo de uma chuva. Nessa noite, observamos um pico no número de meteoros riscando o céu e parece que todos eles surgem do mesmo ponto, chamado de radiante.

É essa chuva que eu estava mencionando. Agora na segunda feira 13 de dezembro, teremos uma chuva de meteoros das mais intensas, a Geminídeos. Ela é assim chamada, pois o radiante dela está na constelação de Gêmeos. Essa chuva está associada ao asteroide 3200 Phaethon e espera-se uma taxa de um ou dois meteoros por minuto!

A dica para observar essa chuva é simples, basta olhar para a direção nordeste no começo da noite, a partir de um local escuro. Sem telescópio ou binóculo. A Lua estará em Quarto Crescente no dia 13. Isso deve dificultar as coisas, mas como o radiante estará alto a partir das 23 horas e a Lua deve se pôr à meia-noite, aproximadamente, o começo da madrugada do dia 14 promete. Principalmente para quem já está de férias. Infelizmente, eu não estou.

Já nas noites anteriores, ou mesmo posteriores ao máximo, vai ser possível notar que há mais meteoros riscando o céu do que o normal, pois a trilha de destroços deixadas pelo Phaethon é bem larga. São esperados meteoros rápidos e brilhantes, mas eventualmente um ou outro mais lento poderá cruzar o céu, brilhando mais forte até se desintegrar por completo.

Bom, tudo isso imaginando que não chova. Água, neste caso…
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Imagem de Marsha Adams feita em 10/12 (Space Weather):


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E mais:
ALERTA: Geminídeas (AstroPT)

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